18 de jul. de 2010

Parar para começar

Quando alguma coisa termina, termina.
O que aconteceu é a única coisa que podia ter acontecido.
A pessoa que chega é a pessoa certa.
Em qualquer momento que eu comece é o momento certo.

Foto Manuel Gianoni / Peça de Dança Butoh Branco sobre Branco / Coreografia Mariana Gómez Spatakis

18 de out. de 2009

REFLEXÃO sobre nossa OPERISSIMA EXPERIMENTOSA

Neste momento estou trabalhando na Preparação Corporal e Direção Coreográfica da OPERISSIMA EXPERIMENTOSA de CAMERA Ave Maria não morro.

Aqui vão umas reflexões da primeira face do processo:

Encontros e desencontros num processo que nos confunde e nos surpreende ao mesmo tempo. Somos um Frankenstein, ainda sem forma, feito de retalhos ... textos, sons, palavras, melodias, corpos, ritmos, amores, pessoas, conceitos, idéias, imagens, medos, erros. Todo isso dialogando com nosso momentum (pessoal, histórico e político), além de nossa equipagem de herança cultural, conceitual popular e erudita.

Desconstruímo-nos de nossas certezas para jogar-nos na edificação de uma criação coletiva, uma OPERISSIMA EXPERIMENTOSA. Claramente desorientados, achamos uma identidade de fazer que não nos foi revelada, a construímos dia a dia.

Enquanto ao corpo... que é minha praia... aqui vão conceitos acolhidos na peça, que explicam seu comportamento coreográfico geral.

CORPO OBJETO. O corpo nosso de cada dia é proposto como objeto de um jogo público, forte colisão entre o público e o privado, entre nos e os outros.
Desapegamo-nos de sua significância intima e doamos-lho para uma construção maior coletiva, mediada pela confiança e uma contenção, compreensiva e absoluta dos colegas; que nos permite jogar-lho, percutir-lho, manipular-lho, vozipulhar-lho (manipulação com a voz) com risco ao ponto de ser objeto mesmo.

CORPO COLETIVO. É escolhido pela sua condição de vazio de identidades particulares, alienado, é explorado na sua qualidade de grão de areia. O fato coletivo transcende esteticamente o fato individual. Mas, o coletivo não está construído desde uma codificação estrita na forma, como acontece com as técnicas codificadas (Exemplo: Balé) se não desde o fluxo de energia que o contem, que o movimenta, que o faz existir.

CORPO PRESENTE. Só falante ou cantante, o corpo presente se apresenta num estado extra cotidiano. Com uma presencia cênica dilatada, o corpo presente pode até apresentar ou representar sua própria ausência. Não faz quase nada, mas é imenso.

CORPO COTIDIANO. Em contraponto aos conceitos abstratos colocados, o corpo popular e cotidiano é imprescindível como mediação com o público e sua bagagem de significados. Na procura de uma fácil empatia e identificação, o corpo cotidiano nos resulta o mais acessível dos signos desde o ponto de vista da mediação.

CORPO SIMBIÓTICO. É o corpo vulnerável que se move com extremo cuidado, sensível, com uma capacidade de escuta dilatada, dialoga com as circunstancias externas como um bebe. Não ha mediação, o diálogo e a respostas são quase instantâneas. Relaciona-se com outro corpo, mesmo deferente a ele, de um jeito nutritivo para ambos. Os corpos simbióticos agem ativamente em conjunto, mesmo quase imperceptivelmente. Na inter-relação simbiótca os corpos/organismos envolvidos instalam uma forma íntima de comprtamento que se torna obrigatória.

CORPO NU. É o corpo privado exposto como tal, violentado em sua condição de privado. Mostrar o corpo nu é uma ação política de insubordinação.

CORPO MEDIADO Mediante a tecnologia de uma câmera ou webcam se possibilita outro olhar. Privilegiando o espectador ao poder mirar desde esse olhar tecnológico, através de projeção de circuito fechado.

CORPO SOM. Corpo emissor dum “corpo de som” com capacidade de manipular outro corpo desde o corpo mesmo de sua voz. Variação do conceito de manipulação, para vozipulação. Considerando a manipulação, não com as mãos e sim com a voz.

Desculpas pelos possíveis erros ortográficos e gramaticais.

Abraços
Mariana

ENTRE LA CRUELDAD Y LA INOSCENCIA




Artista Plástico Antony Micalle